“Certa vez houve um grande incêndio em uma floresta. Apavorados, todos os animais trataram de fugir o mais rápido que possível para um local seguro. Todos, menos um pequeno beija-flor que começou a voar até o rio e, em inúmeras vezes, ele ia e voltava com o bico cheio de água e jogava sobre o fogo que se alastrava cada vez mais. Vendo isso o leão parou e, zombateiramente, perguntou o que aquele pequeno pássaro estava fazendo: “mas o que você acha que vai conseguir com esse biquinho tão pequeno? Isso não é nada perto de um fogaréu tão grande rapaz! O beija-flor lhe respondeu: “posso ter o bico pequeno e não conseguir apagar esse fogo sozinho,mas estou fazendo a minha parte”. (PARÁBOLA DO BEIJA-FLOR)
História da vida de Dona Emília
Emília Neves Athaídes nasceu na cidade de Matosinhos, em Portugal, no dia 20 de maio de 1919. Filha de um político português e uma dona de casa. Com a morte de seus pais na infância foi criada pela irmã mais velha. Imigrou para o Brasil em 1923, casou e teve quatro filhos que se multiplicaram em nove netos e onze bisnetos.
Trabalhou como lavadeira, zeladora de igreja e voluntária no Exército da Salvação. Foi analfabeta até os 70 anos. Sempre dedicou a sua vida a ajudar ao próximo. Com 90 anos de idade era um grande exemplo na realização de ações que favorecem o meio ambiente e que fomentam uma economia solidária, além de ter sido uma referência do que a terceira idade tem muito a contribuir em nossa sociedade.
Dona Emília foi reconhecida e premiada pelo seu trabalho através do Prêmio Picucha Milanez, da Prefeitura Municipal e Câmara Municipal de Vereadores de Canoas/RS; foi destaque no Caderno Dia Internacional da Mulher do Grupo Sinos e no Caderno 63 anos de Canoas - Grupo Sinos; participou como representante da Associação de Mulheres Princesa Isabel no Conselho Municipal de Assistência Social de Canoas – CEMAS.
Em seus depoimentos no filme, Dona Emília faz uma análise do sistema social brasileiro, mostra seu inconformismo com a falta de atenção ao meio ambiente e a terceira idade. Ela é eloquente em suas ações, mostra outra possibilidade de ética e relação com o mundo atual.
Dona Emilia faleceu em 2009 e sua trajetória permeou a busca por uma velhice digna e de paz, por sentir-se fisicamente útil até seus últimos dias de vida. Um exemplo para a família e toda a sociedade.
Sustentabilidade
É o objeto central do filme. Dona Emilia não admitia desperdícios, abusos ou qualquer tipo de consumo inconsequente. Sua atitude ia além da vontade ou necessidade de economia. Antes mesmo de se falar que a água acabaria no planeta, ela já coletava água da chuva e utilizava para lavar o chão do seu galinheiro e na descarga do banheiro. O lixo orgânico, cascas de legumes, frutas e ovos, era transformado num processo denominado compostagem. O lixo seco ela transformava em dinheiro. Tudo ela dava um jeito de reaproveitar, reutilizar e reciclar. Transformou o espaço em que vivia numa referência em sustentabilidade: uma casa usina. Uma ambientalista na prática, preocupada com o futuro do planeta.
Solidariedade e Terceira Idade: Associação de Mulheres Princesa Isabel
Dona Emília foi presidente da entidade por 20 anos. Ela cedeu espaço de sua casa para a realização das atividades da Associação de Mulheres Princesa Isabel. Com mais de 100 sócios, esta instituição de mais de 25 anos, sem fins lucrativos, tem como objetivo principal promover a terceira idade, fortalecendo as mulheres em sua maturidade. Dona Emília e as senhoras se reuniam semanalmente para realizar artesanato de fuxico. As peças criadas e confeccionadas (almofadas, colchas e tapetes), a partir de material reciclado, eram vendidas em feiras e informalmente, muitas pessoas vão até a entidade para comprar o artesanato. Todo o dinheiro arrecadado era utilizado para comprar ranchos para as senhoras de baixa renda, associados, para promoção de passeios, piqueniques, bailes, bem como a manutenção da infraestrutura básica da associação.